Cigarro eletrônico: mocinho ou bandido na luta contra o tabagismo?

Cigarro eletrônico: mocinho ou bandido na luta contra o tabagismo?

Ele virou mania entre os franceses e segundo autoridades pode estar contribuindo para a diminuição do consumo de cigarros convencionais. Mas... será que é bom ou ruim?

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Especialistas ainda divergem se o Cigarro Eletrônico é um aliado ou um vilão. Foto: Shutterstock

Desde que se tornou um produto legalmente vendido em território francês, o cigarro eletrônico ou ‘cigarette électronique’ se tornou uma verdadeira mania, contando com a aderência de jovens e adultos. Ao contrário do Brasil, na França o número de fumantes é bem mais elevado, o que leva o tabagismo ao topo das preocupações quando o assunto é a saúde. Segundo o Observatório Francês das Drogas e da Toxicodependência (OFDT), isso pode estar contribuindo para a diminuição do consumo do tabaco.

Aproximadamente, aproximadamente 20% da população da França fuma regularmente (o que equivale a 13 milhões de pessoas). E estes números altos não estão assim por negligência dos órgãos responsáveis, pois são feitas diversas campanhas contra o tabagismo, bem como os reajustes recorrentes dos impostos, o que aumenta o preço final do produto.

Um estudo apresentado pela OFTD constatou que nos últimos dois anos houve uma queda de 6,2% na venda dos cigarros convencionais. Houve uma diminuição também do número de pessoas que buscaram clínicas para parar de fumar, recuando de 15,2 em 2012 para 13,2 novos pacientes por mês em 2013.

Mas o cigarro eletrônico é eficaz ou não?

O cigarro eletrônico trouxe consigo também um grande debate, que vem ganhando cada vez mais fatores e pesquisas para embasar os dois lados. Os que são contrários se apegam principalmente nos argumentos sobre os riscos que ele poderia representar à saúde, por conter, além da nicotina, outras substâncias como conservantes, essências, etc.

Os pesquisadores começaram a estudar quais os efeitos o produto gerava e se ele seria melhor ou pior que um cigarro convencional. Outros especialistas afirmam que o cigarro eletrônico representa apenas uma maneira de fingir que está parando de fumar, quando na verdade continua a ingerir mesma quantidade ou até mais nicotina do que antes.

Mas, por outro lado, há quem acredite e tente sempre provar o contrário. Segundo Albert Hirsch, pneumologistas e diretor da Liga Nacional contra o Câncer, “pela primeira vez, com o cigarro eletrônico, temos uma ferramenta que leva a uma redução da exposição aos efeitos nocivos dos cigarros tradicionais e, portanto, a redução do risco”, afirmou.

Regulação do Cigarro Eletrônico

Uma preocupação geral é quanto à venda desordenada e também ao controle de qualidade pelo qual o cigarro eletrônico deverá passar antes de ser comercializado. A Liga Nacional contra o Câncer, por exemplo, defende que os cigarros eletrônicos sejam vendidos apenas em estabelecimentos licenciados. “Assim como o convencional, o cigarro eletrônico é também proibido para menores de idade e a publicidade em seu favor deve estar direcionada para reposição de nicotina para os já dependentes”, afirma Albert Hirsch, destacando o seu receio de que isso acabe incentivando jovens não fumantes a adotarem o vício.

No Brasil, o cigarro eletrônico é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não possuindo registro pelo fato de que seus fabricantes (chineses e americanos) não apresentaram nenhum estudo sobre os produtos. O Brasil segue orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), contrária ao produto.