Baclofeno pode ser usado contra o alcoolismo

Baclofeno pode ser usado contra o alcoolismo

País começa a utilizar medicamento que há mais de 40 anos trata doenças como o Mal de Parkinson para combater a dependência do álcool. Saiba mais sobre o Baclofeno.

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Medicamento começa a ser usado na França para tratar pacientes vítimas do alcoolsimo. Foto: Shutterstock

Recentemente a Agência Nacional de Segurança do medicamento da França (ANSM) passou a autorizar, sob a forma temporária, a prescrição do medicamento Baclofeno para o tratamento do vício do álcool. Isso aconteceu após estudos apontarem sua contribuição para a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e a manutenção da abstinência.

Os testes com o medicamento neste sentido começaram em 2008, apresentando resultados favoráveis que chamaram a atenção de médicos e especialistas. Foi isso que levou a ANSM a recomendar que o paciente que utilizar o medicamento para este fim tenha um acompanhamento psicossocial para que se possa assegurar que o uso do medicamento não gerou outros problemas.

Mesmo que ainda não fosse autorizado pela agência, há uma estimativa de que mais de 50 mil pessoas já utilizavam o Baclofeno com o objetivo de parar de beber. O uso deste produto é muito comum no tratamento de doenças neurológicas como a esclerose múltipla e Parkinson, sendo indicado também como um eficaz relaxante muscular.

Eficácia do Baclofeno

Desde os primeiros testes com o medicamento no tratamento do alcoolismo, os resultados observados já foram positivos, o que levou a ANSM a ampliar a prescrição para outros pacientes. A expectativa é de que em breve o Baclofeno possa se tornar um grande aliado no combate à dependência de álcool em longo prazo na França, o que poderá servir de exemplos para outros países.

Ainda em 2012, uma pesquisa publicada na revista médica Frontiers in Psychiatry indicava que os efeitos positivos da do Baclofeno em pessoas que sofriam com o alcoolismo poderiam durar por pelo menos dois anos. Na época, o teste coordenado pelo professor Renaud de Beaurepaire e feito com 100 pessoas classificadas como de ’alto risco’, no Grupo Hospitalar Paul Guiraud apresentou resultados bastante satisfatórios.

Foram três meses de observação, nos quais 84% dos pacientes alcoólatras passaram a ser classificados como de baixo risco (controle do consumo) ou moderado (consumindo menos, mas não controlado) após receberem doses do medicamento. Após anos, a mesma taxa se mantinha em 62%, o que demonstra que há fortes indícios de que o medicamento pode ser considerado uma alternativa aos tratamentos convencionais.

Em relação às recaídas, a pesquisa apontou que os pacientes que permaneceram no grupo de ‘alto risco’ nos primeiros meses se explica pelo hábito de beber ou pela motivação insuficiente para parar, sem relação direta com a eficácia do medicamento. Eles perceberam ainda que os efeitos colaterais mais comuns pelo uso do Baclofeno foram a fadiga e a sonolência.