Todos nós passamos por momentos difíceis e conflitos com as pessoas à nossa volta, o que é muito normal para a vida em família e em sociedade. O problema não é vivenciar os conflitos, mas o que aprendemos com a situação e a postura que vamos adotar após. Muitas pessoas saem de uma situação destas mais fortalecidas, com mais sabedoria e conhecimento para superar os próximos que virão. Outras, ao contrário, não conseguem perdoar, acabam se deixando envenenar pelo ocorrido e seguem alimentando sentimentos ruins pela outra pessoa.
O que estas pessoas não sabem é que a ausência do perdão pode fazer muito mal a ela e a quem está a sua volta, pois uma pessoa rancorosa acaba deixando o ambiente mais pesado. Mas não é fácil dar o perdão a quem nos machucou, magoou ou nos fez mal. O caminho que parece mais fácil é mesmo o de evitar o contato, mesmo que visual, e tentar seguir em frente com a vida. Mas não é tão simples assim.
Perdoar é o início de uma nova relação
O primeiro passo para perdoar alguém é escutar o que ela tem para dizer. Não há nenhuma possibilidade de você entender o que motivou a ação da pessoa se você não der a ela a oportunidade de falar. Mas não é só deixar que ela fale, mas também manter o coração aberto e a mente tranquila para compreender. Em seguida, tente se colocar no lugar dela e tentar visualizar qual seria sua atitude caso se encontrasse na mesma situação. Isso humaniza a questão, o que elimina boa parte da raiva.
Mas é preciso mais do que isso. O que a gente sempre espera da outra pessoa nestes momentos é uma contrapartida bem simples: o reconhecimento do erro e, principalmente, os votos de que vai se esforçar ao máximo para não falhar novamente. Na verdade, o que queremos é que a pessoa diga que nunca mais vai fazer, mas como estamos lidando com seres humanos e não máquinas, nós sabemos bem que isso pode acontecer outras vezes.
O bem que faz perdoar
No livro “O perdão que não vem”, de Mário Veloso (editora 7 Letras, 2008), o autor lembra que não adianta perdoar “da boca pra fora”, mas que é preciso que ele aconteça dentro da gente. Ele afirma ainda que você não precisa concordar ou aceitar a ofensa, mas buscar uma convivência mais pacífica com ela, sem o espírito de revanche e sem mágoa da pessoa. Isso é se libertar do peso do ódio e ser livre para viver bem.
Carregar sentimentos ruins de uma pessoa nos faz mal sem que possamos perceber. Há um ditado que diz que o ódio nos cega, por isso não conseguimos perceber o quanto ele nos envenena. Você acaba sobrecarregando sua mente, remoendo tudo o que aconteceu, tentando atingir de alguma forma a outra pessoa para que ela sofra como você está sofrendo. Trata-se de um esforço enorme e em vão.
No final das contas você vai perceber que você está adoecendo por causa disso, gastando um tempo no qual você poderia aproveitar com sua família ou amigos com uma coisa que não vai mudar nada do que passou. Isso acaba nos atrapalhando também no trabalho, estudos e mesmo no planejamento de ações mais concretas para o futuro.
É um fardo enorme que a gente acaba carregando e que vai consumindo nossa energia e nossa saúde aos poucos. Cada pessoa sabe o quanto está machucada e perdoar não quer dizer também que você voltará a ter a mesma relação com que tinha antes com a pessoa, seja de amizade, namoro, entre outros. Mas sim, que você conseguiu atingir um nível superior de maturidade, que fará de você uma pessoa melhor a cada dia. Pense nisso!
