Em uma entrevista recente ao jornal francês Le Figaro, o chefe do departamento de oncologia do Hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, professor David Khayat, afirmou que todos os alimentos que são assados em contato direto com o fogo do carvão são potencialmente cancerígenos.
O especialista explica que o motivo é principalmente por causa dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) e aminoácidos heterocíclicas (HCA), que são produzidos durante o churrasco. Trata-se de duas moléculas que reagem devido ao contato direto dos alimentos com as chamas, que podem contribuir para o desenvolvimento do câncer quando ingeridos ou inalados.
O churrasco e o risco de câncer
Khayat afirma que é possível reduzir os riscos de câncer sem deixar de apreciar um bom churrasco. “Não se deve, no entanto, banir esse método de cozimento. O risco pode ser diminuído com simples regras que impedem o contato direto do alimento com as chamas”, ressaltou.
Peritos da Agência Nacional de Segurança de Saúde, Alimentação, Meio Ambiente e Trabalho, (Anses), também concordam com a opinião do especialista, afirmando que é possível evitar estes problemas de saúde seguindo algumas dicas e evitando o contato direto da carne com as chamas.
Dicas para diminuir o risco de câncer no churrasco
A primeira dica de como evitar a formação desses compostos químicos cancerígenos é observar a altura do cozimento, para que o fogo não chegue à carne. Para isto é importante entender que os alimentos devem ser assados pelo calor das brasas (aproximadamente 220 graus) e não pelas chamas, que podem chegar aos 500 graus. Neste caso, a dica é colocar uma tela a uma distância de aproximadamente 10 centímetros das brasas, com o objetivo de conter as labaredas.
Outra dica é utilizar uma churrasqueira na qual os espetos permaneçam na posição vertical (talvez um pouco inclinados). Vale a pena lembrar também que o carvão vegetal ainda é o melhor para fazer um bom churrasco, sendo bem mais saudável.
É importante também limpar toda a churrasqueira antes de começar a fazer o seu churrasco, tendo um cuidado especial com os espetos e grelhas. Com isto, além de evitar a contaminação dos alimentos, você também irá conservar o melhor sabor para eu churrasco.
A opção por carnes mais magras também é a mais indicada, pois evita que a gordura caia na brasa e acabe formando as substâncias tóxicas no fogo. Caso você não abra mão da gordurinha da carne, fique atento e cuide para que esta parte da carne fique bem afastada do fogo. “Em qualquer caso, não ingira os pedaços queimados”, lembra ainda o Dr. David Khayat.
O que podemos compreender é que não é preciso simplesmente banir o velho e bom churrasco do nosso dia a dia, mas sim ter muita responsabilidade no preparo e cuidado com o que se está comendo.