Pelo menos um quarto dos pacientes que tomam estatinas relatam aos seus médicos que sentiram dor ou fraqueza muscular. São efeitos colaterais que muitas vezes levam à interrupção do tratamento, interrompendo aquilo que poderia ser uma oportunidade de reduzir o colesterol.
A causa exata da lesão muscular sempre intrigou os médicos, o que levou uma equipe de pesquisadores holandeses a estudar melhor o que estava acontecendo. Os resultados deste estudo foram publicados na revista Cell Metabolism, mostrando exatamente como as estatinas afetavam os músculos. Eles descobriram que estas drogas envenenavam as mitocôndrias, que são as centrais eléctricas que produzem energia para no interior das células.
Estatinas
Podemos afirmar que as estatinas atuam no corpo em duas formas diferentes: lactona e ácido. Neste caso, o medicamento contém a substância apenas na forma de ácido, com o objetivo de diminuir a produção de colesterol no fígado. Mas a forma de ácido, uma vez no corpo, também pode ser transformada em lactona.
E é aí que mora o problema: as lactonas, quando na mitocôndria, tem o poder de interferir na produção de energia do mecanismo celular, especialmente nos músculos de energia intensiva. Foi o que mostrou o estudo, provando que as lactonas foram encontradas em uma quantidade cerca de três vezes maior do que em ácido nas células de ratos. Estas observações foram confirmadas por biópsias musculares feitas em pacientes com efeitos colaterais causados pela ingestão de estatinas.
As consequências, segundo os especialistas, é que nestas células a produção de energia (ATP) diminuiu significativamente em comparação com indivíduos saudáveis. Desta forma, pode-se dizer que com a ingestão das estatinas o sistema celular do organismo é duramente afetado. Isto pode explicar as dores musculares, rigidez e cãibras que ocorrem em pacientes tratados com estatinas.
Frans Russel, que é da Radboud University Nijmegen, na Holanda, explica que “são necessários outros estudos independentes sobre o impacto de diferentes estatinas no funcionamento das mitocôndrias”. Já o doutor Michel de Lorgeril (CNRS), que há muito denunciou a toxicidade múltipla das estatinas, diz que o uso destas drogas é inaceitável, uma vez que elas nem mesmo reduzem o risco de infarto do miocárdio. “Com estes medicamentos ditos ‘anticolesterol’ não há benefícios, apenas riscos”.