O vírus HIV pode ser reativado no corpo humano com a utilização de uma droga desenvolvida para tratar o câncer, de acordo com pesquisadores. Eles descobriram que o tratamento mais utilizado contra a doença, conhecido como terapia antirretroviral, mata o vírus da AIDS que está na corrente sanguínea, mas deixa os “reservatórios de HIV” intocados.
Um estudo publicado na revista PLoS Pathogens, mostrou que a droga utilizada o tratamento contra o câncer é “altamente potente” na reativação oculta do vírus. Apesar da novidade, especialistas afirmam que as descobertas são interessantes, mas que é importante saber se a aplicação da droga é segura nos pacientes com AIDS.
A descoberta contra o vírus HIV
O poder deste “reservatório de HIV” foi descoberto a partir do caso de um bebé no Mississipi, nos Estados Unidos. Ele recebeu doses do medicamento antirretroviral logo após o seu nascimento. Dois anos depois, quando todos achavam que ela estava livre do vírus e com a interrupção do tratamento, ela foi novamente diagnosticada como portadora.
A nova técnica, conhecida como ‘Kick and kill’ (Chutar e matar), é vista como a chave para a cura do HIV. Neste caso, o medicamento que é utilizado contra o câncer iria acordar o vírus HIV que estava neste reservatório (chute), permitindo assim que os outros medicamentos possam matá-lo.
A equipe da Davis School of Medicine pesquisou o medicamento “PEP005”, que normalmente é utilizado no tratamento para prevenção do câncer de pele que foi danificada pelo sol. Os testes foram feitos em células cultivadas em laboratório e também em partes do sistema imunitário que foram retiradas de 13 pessoas com HIV.
Resultados
O relatório apontou que o “PEP005 é altamente potente para reativar o vírus HIV” e que o produto químico representa “um novo grupo de compostos de peso para o combate ao HIV”. De acordo com o Dr. Satya Dandekar, que é um dos pesquisadores, toda a equipe está muito “animada por ter identificado um produto excelente para a reativação HIV, que pode levar à erradicação da doença, principalmente por ser algo que já está aprovado e sendo usado em pacientes com outra doença”. “Esta molécula tem um grande potencial para avançar nos estudos clínicos.”
Apesar da euforia, vale lembrar que a droga ainda não foi testada em pessoas que são HIV positivas, o que merece cautela. Segundo a professora Sharon Lewin, da Universidade de Melbourne, os resultados são “interessantes” e marcaram um “avanço importante na busca por novos compostos que podem ativar o vírus HIV”.
Ela disse ainda que “Este estudo acrescenta outra família de drogas para eliminar potencialmente formas de vida longa de HIV, embora muito mais testes tenham que ser feitos para ver se isso funciona realmente nos pacientes”. Apesar de estar aprovado e em uso, o medicamento precisa ter sua eficácia testada no caso do HIV.