Considerada como a principal causa reversível de cegueira no mundo, a catarata ainda não possui um medicamento que consiga tratar o problema. Com isso, o mais comum é que as pessoas que sofrem com ela sejam encaminhados para uma cirurgia. Uma novidade anunciada recentemente pode mudar este panorama. Cientistas americanos criaram um colírio que cura a catarata, que tem como base uma substância pouco produzida pelo organismo de pessoas que sofrem com a doença e que promete tratar o problema.
Os testes feitos em cães que apresentavam a doença, o remédio apresentou resultados promissores, que foram publicados recentemente na revista Nature. Mas, apesar da euforia, o novo colírio ainda precisa ser testados em humanos para que seja avaliada a sua reação e os resultados.
Colírio que cura a catarata
De acordo com os cientistas, esta alternativa de tratamento partiu das pesquisas sobre a causa da catarata, o que resultou no desenvolvimento do colírio. “Estudamos duas famílias cujas crianças nasceram com catarata e encontramos uma substância em falta: o lanosterol”, afirmou Kang Zhang, pesquisador da Universidade da Califórnia em entrevista recente ao jornal Correio Brasiliense.
Trata-se de uma substância produzida naturalmente pelo olho e que possui a importante função de estabilizar as proteínas não deixando que elas se acumulem e causem a catarata. Ao ser identificada a ação do lanosterol, os pesquisadores conseguiram desenvolver o colírio, fazendo em seguida testes em cães que sofriam de catarata.
Outros testes feitos com coelhos também apresentaram os resultados positivos, o que animou os pesquisadores. “O tratamento reduziu uma quantidade significativa da proteína que fica agregada no cristalino, reduzindo a gravidade da catarata. Nosso estudo aponta o lanosterol como uma nova estratégia para a prevenção de catarata e também o tratamento dela”, defendem no texto divulgado.
Outros testes com o colírio que cura catarata
Os criadores do colírio estão confiantes de que os resultados podem ser repetidos nos testes em humanos, o que já é a próxima etapa da pesquisa. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 17 milhões pessoas sofrem com a cegueira parcial ou completa por catarata em todo o mundo, atingindo principalmente pessoas entre 55 e 65 anos de idade. Isto reforça ainda mais a importância da descoberta.
“Esse trabalho fornece alguns novos insights sobre a catarata hereditária e possível tratamento para a relacionada à idade. Muitos dos pontos individuais terão de ser confirmados e ampliados, mas fornecem um ponto de partida valioso para uma nova direção de pesquisa. Eu acredito que esse tratamento pode fornecer uma base lógica para eventual terapia, preventiva ou paliativa. Há muitos estudos e trabalhos a serem feitos antes que testes em seres humanos possam ser considerados. Eu acredito que o trabalho apresentado nesse artigo é extremamente interessante e potencialmente importante”, conclui James Fielding Hejtmancik, que é pesquisador do National Eye Institute (EUA).
