Vacina contra a dengue é melhor a partir dos 9 anos

Vacina contra a dengue é melhor a partir dos 9 anos

A conclusão sobre a vacina contra a dengue, que aguarda aprovação da ANVISA para ser distribuída, partiu de análise combinada dos testes feitos pelo laboratório Sanofi Pasteur.

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Criança recebe a vacina contra a dengue em um dos testes do laboratório. Foto: Gabriel Pagcaliwagan/Divulgação Sanofi Pasteur

Testes feitos com a nova vacina contra a dengue, que foi desenvolvida pelo laboratório Sanofi Pasteur, mostraram que ela é bem mais eficaz quando aplicada a partir dos 9 anos de idade. A conclusão partiu de uma análise combinada entre dois grandes testes clínicos feitos pela empresa, sendo um na Ásia e outro na América Latina. A empresa já entrou com o pedido de aprovação da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em março. Somente até o dia 18 de abril deste ano o Brasil já havia registrado 745,9 mil casos de dengue, um número 234,2% maior se comparado ao mesmo período do ano anterior.

As novas conclusões foram publicadas nesta segunda-feira (27/07) na revista “The New England Journal of Medicine”. De acordo com os testes, quando aplicada a partir dessa faixa etária, a vacina é capaz de proteger contra a dengue 66% dos indivíduos, enquanto os resultados anteriores – que incluíam crianças mais novas – haviam demonstrado 56% de proteção (na Ásia) e 60,8% de proteção (América Latina). Ficou comprovado também que nesse grupo etário a imunização é bem mais eficaz também para quem já foi infectado por um dos quatro sorotipos do vírus (proteção de 82%) em relação a quem nunca teve a doença (52%).

Vacina contra a dengue nas crianças

Após um acompanhamento mais próximo dos participantes por um tempo maior para o estudo revelou um dado negativo: as crianças menores de 9 anos que pegaram dengue no terceiro ano depois da vacinação tiveram maior risco de desenvolver casos graves da doença, se comparado com as que não tinham sido vacinadas. A gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani, afirma que estes resultados são ainda preliminares e que indicam a aplicação da vacina somente em maiores de 9 anos.

Um editorial da mesma revista científica destacou que a vacina foi eficaz em reduzir as hospitalizações por dengue em até 80%, mas que o ponto fraco é que ela não traz uma boa proteção contra o sorotipo 2 da dengue, na qual a proteção variou entre 35 e 50%. O texto aponta também o fato de que as pessoas quem não desenvolveram a doença ficam menos protegidas.

A expectativa é de que a ANVISA conclua a análise dos documentos sobre a vacina até o final deste ano. Caso seja aprovada, esta será a primeira vacina contra a dengue a ser distribuída em todo o mundo, de acordo com a médica. Outros laboratórios também continuam na corrida por uma vacina contra a dengue, entre eles o Instituto Butantan, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH); a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica japonesa Takeda.