Esta é a primeira etapa para a construção do planejamento financeiro. Nela, você descobrirá qual a importância de entender o que lhe motiva e aprender como transformar esses incentivos em objetivos concretos. Sugiro, para quem não leu, dar uma olhada no artigo anterior Vamos começar um planejamento financeiro? para acompanhar o projeto desde o início.
Na economia, dizemos que os indivíduos são movidos por incentivos. A procura pelo curso superior de engenharia civil decorre do alto dinamismo do setor em determinado período, elevando a procura por profissionais da área. As pessoas começam trocar de automóveis com maior frequência ou passam a adquiri-los para mais membros da família devido, principalmente, à isenção de impostos realizada pelo governo, e as vendas do setor disparam.
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Para o indivíduo realizar um planejamento financeiro pessoal, também é necessário um incentivo: uma crise econômica que abala algum setor ou todo um país; a situação financeira difícil na qual passa algum parente ou amigo; a preocupação com o futuro de sua família; como será sua vida quando aposentado; ou mesmo alguma experiência com endividamento descontrolado. Enfim, qualquer motivação que tenha levado você a continuar lendo esse texto, esse é seu incentivo e sem ele é provável que você não tenha a paciência, compromisso e força de vontade para construir seu planejamento financeiro.
O primeiro passo é transformar esses incentivos em algo mais concreto e fácil de compreender, como objetivos financeiros, pois:
- Você fica mais inclinado a realizar os esforços necessários para alcançar seus objetivos, como poupar ou criar novos hábitos;
- Medir seu progresso o deixa motivado a continuar seguindo em frente;
- Você pode considerar quais são suas prioridades e o risco, estabelecendo as melhores estratégias para cada objetivo, separadamente.
Descobrindo seus incentivos
Então, faça um exercício para traduzir seus incentivos em objetivos. Tire um tempo, feche os olhos e pense na vida ideal para você, seus sonhos, aonde quer chegar, o que quer fazer. Tente responder algumas dessas questões, mas não se limite apenas a elas. Por enquanto não os anote, apenas deixa sua mente trabalhar.
- Como sua família se parece? Você tem filhos? Quantos anos eles tem?
- Onde você mora? Como e onde é sua casa? Que tipo de vizinhança você tem?
- Em que você trabalha? Qual sua profissão?
- Quanto tempo você gasta trabalhando? E quanto tempo passa com sua família?
- Quais são seus hobbies? Quanto tempo passa com eles?
- O que você e sua família fazem para se divertir?
- Qual a primeira coisa que você faz ao levantar?
- Como é sua rotina diária?
- Quem são seus amigos? O que vocês fazem juntos?
- Quais são os tipos de experiências você quer ter?
- Quais preocupações não fazem parte da sua vida?
Vá aprimorando essas respostas em sua mente por alguns dias. Se você tem esposa/marido ou parceira(o), peça para que também faça esse exercício. Quando essa visão ficar mais clara em sua cabeça, coloque-a no papel, mas não tenha pressa.
É importante ressaltar que essa não é uma visão imutável de sua vida ideal. Alguns sonhos podem mudar, eventos inesperados e a experiência podem lhe mostrar outros caminhos, novas oportunidades podem fazer você repensar. Não há problema algum, isso é normal. A vida é marcada por mudanças e seu conceito de felicidade também irá se alterar com o tempo. O planejamento financeiro precisa de um ponto de partida, mas abre espaço para ser revisado e editado no decorrer do tempo. Só não pode ficar parado e esperar que as coisas aconteçam.
Com uma visão mais consolidada, tire mais um tempo e compartilhe com a(o) parceira(o) a imagem que construiu e incentive-a(o) a fazer o mesmo. Primeiro, observem o que vocês traçaram em comum, pois aí está o foco inicial para seus esforços. Pontos de divergência provavelmente irão surgir. Isso é comum. Tente entender o que o outro realmente quer dizer com eles, já que muitas vezes podem ser os mesmo sonhos descritos de outra forma. Algumas dessas diferenças não precisam ser resolvidas logo de cara, mas tenha em mente que em determinado momento vocês terão que tomar decisões sobre tais assuntos. O importante é manter o diálogo e o respeito, pois não existem sonhos bobos ou inferiores, e sim diferentes.
Transformando sonhos
Coloque a versão final de sua vida ideal no papel e guarde em local de fácil acesso. Todas as vezes que você e/ou sua parceira(o) enfrentarem dificuldades e tiverem vontade de desistir, olhem novamente para qual é a visão de futuro, com todos os sonhos e motivações discutidas, o que vocês querem e reflitam se vale a pena continuar. Só você pode decidir se continuará a trajetória rumo aos seus sonhos ou não. E compreender o que você espera do futuro é fundamental para planejar com segurança sua jornada. Como disse o jogador de treinador de beisebol Yogi Berra, “Se você não sabe aonde que chegar, pode acabar em outro lugar”.
No próximo artigo você aprenderá a transformar suas motivações e sonhos em objetivos sólidos, mensuráveis e reais, que são a alma do planejamento financeiro.
Tem alguma dúvida sobre assuntos que impactam seu bolso? Quer saber mais sobre planejamento financeiro pessoal e familiar? Envie um e-mail para daniel.oeconomista@gmail.com. Os assuntos mais pertinentes serão tratados aqui na página!