Outro dia me deparei com uma carta publicada pelo Max Gehringer (1), enviada por um leitor, contando sobre a relação entre dinheiro e felicidade. Fiquei um pouco incomodado após a leitura, já que nela, um leitor de 61 anos falava que, de acordo com dicas de jovens executivos sobre como economizar dinheiro, poderia ter em sua conta bancária quase R$ 500 mil se não tivesse “desperdiçado” seu dinheiro com coisas supérfluas, como cafezinhos, pizzas, caipirinhas, etc. Ao final, como não tinha essa quantia em sua conta bancária, se sentia feliz em ser pobre, já que gastou seu dinheiro ao longo de sua juventude e com prazer.
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Na mesma semana ouvi uma piada com ideia bem semelhante à da carta:
Casal se conhecendo no bar. A mulher pergunta ao homem:
— Você bebe?
— Sim.
— Quanto por dia?
— Três doses de uísque.
— Quanto paga pela dose?
— Cerca de R$10.
— Há quanto tempo você bebe?
— Vinte anos.
— Um uísque custa R$10 e você bebe três por dia. Isso dá R$900 por mês e R$10.800 por ano, certo?
— Correto.
— Se, em um ano, você gasta R$10.800, sem contar a inflação, em 20 anos você gastou R$ 216.000, correto?
— Correto!
— Você sabia que esse dinheiro aplicado e corrigido com juros compostos, durante 20 anos, você poderia comprar uma Ferrari?
— Mulher, você bebe?
— Não!
— Então, cadê a m@#$% da sua Ferrari?
Várias revistas que tratam sobre dinheiro trazem “especialistas” com dicas de como se tornar um milionário. “A Ferrari dos seus sonhos está a n uísques, cafezinhos ou pizzas a menos”. Ou então “evite comer fora de casa” ou “pare de assinar jornais e revistas”. E é daí vem a ideia errada de que planejamento financeiro significa sacrificar pequenos prazeres, que alguns chamam de supérfluos, em prol de uma bolada de dinheiro daqui 20 ou 30 anos. Contudo, seguir essas “dicas de especialistas” a risca pode mais atrapalhar do que ajudar.
Dinheiro e felicidade
Podemos entender planejamento financeiro como um processo que busca ajudar indivíduos e famílias a atingir seus objetivos de vida através da administração adequada de suas finanças, facilitando a tomada de decisões e entendendo como cada decisão tomada pode afetar nosso dinheiro e nossas vidas, tanto hoje como no futuro. Em outras palavras, o objetivo é cuidar bem de nosso dinheiro para que possamos alcançar nossos objetivos e sermos felizes.
Desta forma, a felicidade, bem estar e/ou realização pode estar relacionada à conta bancária de sete dígitos ou à compra de uma Ferrari. Ou então pode vir da oportunidade de comer pizza com os amigos ou tomar um cafezinho no meio do expediente para relaxar (acho que o consumo de três doses de uísque diárias pode causar outros problemas). Tudo depende do que estabelecemos como objetivos e sonhos, pois o que faz uma pessoa feliz ou realizada pode não ter o mesmo resultado para outra.
Não existe fórmula pronta! Cada pessoa tem suas preferências e não faz sentido trata-las como se fossem todas iguais. E não existem sonhos melhores ou piores, bobos ou inteligentes. O que existe é a vontade de cada um em realiza-lo!
E você, quais são seus objetivos para esse novo ano? Quais são os sonhos que quer realizar? Assim que os tiver em mente, será mais fácil saber se vale a pena sacrificar ou reduzir a frequência de seus pequenos prazeres em prol de algo maior, ou se o importante para você são os pequenos prazeres da vida. Pense nisso!
Tem alguma dúvida sobre assuntos que impactam seu bolso? Quer saber mais sobre planejamento financeiro pessoal e familiar? Envie um e-mail para daniel.oeconomista@gmail.com. Os assuntos mais pertinentes serão tratados aqui na página!
(1) http://pensador.uol.com.br/frase/MTAwMDM0NQ/