Os Pais que se foram e a saudade que resta

Os Pais que se foram e a saudade que resta

Veja depoimentos emocionantes sobre os pais que se foram, mas que deixaram ensinamentos para toda a vida.

714
0
SHARE
pais que se foram o masculino
Mesmo não estando presente fisicamente, as lembranças e valores continuam vivos. Foto: Shutterstock

O Dia dos Pais está aí e são comuns as homenagens à figura que possui grande importância em nosso crescimento e formação de caráter e valores. Mas, é também nesta época que muitas pessoas revivem a tristeza de não ter mais o Pai por perto, o que se traduz em saudades e lembranças que nunca mais se apagarão da memória.

É no embalo desta saudade e das lembranças felizes dos tempos em que estas pessoas ainda estavam entre nós que resolvemos dar voz a estes sentimentos, pedindo para que pessoas que perderam os seus Pais ainda muito jovens os descrevessem. Os depoimentos sobre os pais que se foram, e que vamos colocar agora, são emocionantes, o que é, sem dúvida alguma, uma grande homenagem. Vale a pena conferir!

Os bons morrem jovens…

pais que se foram o masculino
Wanessa (dir.) com seu pai e sua irmã. Foto: Arquivo pessoal

Quando eu tinha 1 ano de idade, minha mãe uma jovem recém-separada, conheceu Paulo, meu pai herói. Tudo aconteceu muito rápido e eles decidiram morar juntos.  Costumo dizer que Paulo me amou à primeira vista! Desde a primeira vez que me viu me chamou de “minha princesa” e posteriormente, de “minha relíquia”.

A nossa relação sempre foi incrível! Ele era o pai que toda menina sempre sonhou em ter… Atencioso, amigo, carinhoso, bravo, (sim, é importante) brincalhão, ciumento, (ninguém é perfeito) e protetor. Ao lado dele, eu sentia como se nada, absolutamente nada de ruim pudesse me acontecer!

Nos finais de semana em que eu ia para a casa do meu pai biológico, meu pai herói não gostava de me ver sair! Minha mãe dizia que ele, embora não se opusesse à minha ida, ficava cabisbaixo. Ele nunca fez distinção entre minhas irmãs, filhas biológicas dele, e eu. Muito pelo contrário, se alguém fizesse algum comentário sobre o fato dele não ser meu pai “de sangue” ele virava uma fera! Pouquíssimas pessoas sabiam que ele era apenas meu “pai do coração”.

Paulo foi o tipo de pai que brincava com as filhas, inclusive de boneca! Ele era tão fantástico que aos 18 anos, esporadicamente, ainda ia me buscar no colégio.

É… Realmente, os bons morrem jovens! Em novembro de 2004, meu pai herói, que praticava voo livre, sofreu um acidente de Paraglider e se foi aos 39 anos de idade. As pessoas dizem que a dor da saudade um dia passa. Discordo totalmente! Na realidade, a gente aprende a viver com essa dor.

Hoje, agradeço à vida por ter me dado dois pais maravilhosos, em especial, meu pai herói! Ele nos amou incondicionalmente, nos mostrou, no dia a dia, a importância da família, a importância da presença dos pais na vida de seus filhos! E isso tento aplicar em meu cotidiano com minha filha. Obrigada, pai herói, por ter me ensinado que o amor é a coisa mais importante na vida!

Vanessa Cabral Papa, Jornalista.

Lembranças e valores como herança

pais que se foram o masculino
Cecília Rocha. Foto: Arquivo pessoal

Infelizmente eu não tive muito tempo para conviver com meu pai, pois ele faleceu quando eu tinha 4 anos de idade. Mas, nas poucas lembranças que tenho, ele se mostrava muito afetuoso comigo e com meus irmãos. Ele fazia brincadeiras e empenhava seu tempo livre conosco, além de se mostrar sempre muito preocupado com nossa saúde e bem estar.

Quando ele faleceu, eu não compreendia ainda o que era a morte e acho que isso me fez não sofrer tanto, doía mais mesmo era ver minha mãe chorando sempre por sua ausência, então eu chorava também.  A ausência dele ficou mais forte em minha vida adulta, onde eu precisava de seus conselhos masculinos sobre alguns assuntos que minha mãe não poderia me ajudar, apesar de seu carinho e boa vontade.

Sempre que as pessoas se lembram e citam as características de meu pai, falam de sua bondade para com os outros, sua alegria e honestidade. Além disso, sempre dizem que ele era uma pessoa muito “batalhadora” e fazia o que era preciso para nos dar um futuro melhor.

Uma das coisas que sempre me impulsionou a estudar foi o valor que ele dava aos estudos, não tendo ele estudado nem mesmo até o final do ensino médio. Acredito que o interesse por aprender sempre foi um presente que ele me deixou simbolicamente através de uma pasta lilás e branca, que eu adorava!

Cecília Rocha, Turismóloga.

Ensinamentos são a maior riqueza

pais que se foram o masculino
Walter Batista. Foto: Arquivo pessoal.

Feliz dia dos pais… Que frase mais linda e rica de se dizer. Sou um Jovem, que há 19 anos me engasgo com essa frase. Pai, meu super-homem, guerreiro, espelho, etc…

Quando tinha 2 anos de idade meus pais se separaram, mas minha mãe sempre me ensinou que ele nunca deixou de ser meu pai. Cresci sempre esperando o fim de semana para podermos passear, sabia que seria dia de conhecer vários lugares e pessoas. Eu nunca me esqueci de uma coisa que ele me ensinou, que a maior riqueza está em uma amizade, procuro ser rico cada dia mais. E assim foram passando os dia e anos.

Em fevereiro de 1996, carnaval, faríamos mais uma viagem. Para mim, apenas mais uma de muitas, mas para vontade de Deus, a última. Lembro como se fosse fim de semana passado.

Depois dessa viagem, ele se mudou para o estado de São Paulo, com a intenção de ampliar sua oficina (ele era um excelente mecânico) e depois abri-la em Minas Gerais. Já tinha até nome: “PAI & FILHO”. Mas 8 meses depois, exatamente no dia das crianças, aconteceu o que me marcou pelo resto da vida: meu Super-Homem sofreu um acidente de carro que o levou à morte.

Enfim, hoje sou um jovem com 31 anos, cresci sem ele. A vida é feita de escolhas e muitos diziam que eu poderia me revoltar ou me perder. Mas, lembra quando eu disse ESPELHO? Hoje sou rico, e perto de ficar milionário, pois coleciono amizades, o grande ensinamento dele. Dou aula de direção veicular, sou uma figura pública em meu município e um jovem com grandes responsabilidades em minha comunidade na área religiosa e social.

Para você que ainda tem seu pai, e por algum motivo não o abraça ou lhe pede a benção, não espera que ele se vá para demonstrar seu sentimento, pois você pode se arrepender muito. Aproveita e dê aquele abraço, pois esta é a vontade que eu tenho todos os dias, mas não posso.

Enquanto isso, espero poder ser pai um dia, para que eu possa amenizar a saudades.

Walter Batista P. Assis, Instrutor de Autoescola.