É comum sair à noite e presenciar reações diversas das pessoas após beber uns drinks a mais: o amigo mais tímido se torna mais expansivo; o que já era extrovertido começa a se tornar até chato de tão alegre; há o que não se altera ainda que tenha bebido mais do que todos; e tem sempre um que começa a procurar confusão sem motivo aparente.
Foi partindo deste pressuposto que um grupo de pesquisadores de psicologia da Universidade do Missouri, em Columbia (EUA), elaborou uma classificação que descreve os diferentes tipos de bêbados, utilizando é claro uma base científica. O estudo foi publicado na revista especializada Addiction Research & Theory e conclui que há quatro tipos diferentes de bêbados, de acordo com a amostra analisada.
Para facilitar o entendimento, os pesquisadores associaram seu perfil ao de quatro personagens conhecidos da realidade e da ficção: Mary Poppins, Ernest Hemingway, Mr. Hyde e Professor Aloprado. Para o estudo foram analisadas as descrições de comportamento de 374 estudantes universitários dos Estados Unidos, com uma idade média de 18 anos.
Todos os participantes tiveram que fazer uma avaliação de suas próprias personalidades e também dos seus “companheiros de copo”, tanto sóbrios quanto nos momentos de embriaguez. Para isso foram utilizados cinco fatores de comportamento: extroversão, afabilidade, estado de consciência, estabilidade emocional e intelecto.
Como se comportam os 4 tipos de bêbados
Ernest Hemingway: o lendário escritor (1899-1961) uma vez presumiu que podia beber qualquer quantidade de whisky sem ficar bêbado. E assim se sente o primeiro grupo identificado pelos investigadores, que chegou a 40% dos participantes da pesquisa. Esses consumidores não revelam mudanças notáveis de personalidade quando passam da sobriedade à embriaguez.
Mr. Hyde: a classificação desse grupo se inspira na personalidade sinistra de Mr. Hyde, o personagem fictício de Robert Louis Stevenson. Seus integrantes somaram 22% da amostra e se caracterizam por uma redução elevada do estado de consciência, intelecto e afabilidade quando bêbados. Segundo a pesquisa, os membros desse grupo apresentaram “tendência a ser menos responsáveis, menos inteligentes e mais hostis sob influência do álcool”. Os investigadores afirmam que esse grupo possui maior probabilidade de vivenciar consequências negativas associadas ao consumo de álcool, como perdas de memória e detenções por mau comportamento.
Professor Aloprado: a personalidade desse grupo faz referência ao personagem (imortalizado pelos atores Jerry Lewis e Eddie Murphy) que muda de personalidade por uma questão química e se transforma em alguém muito mais extrovertido do que o normal. Ao todo, 19% dos estudantes que participaram da pesquisa ficaram nesse grupo. Os bêbados desse perfil se caracterizam por baixa extroversão quando sóbrios e um aumento maior do que a média nesse quesito quando estão alcoolizados, e ficam menos alterados pela bebida. Apesar de demonstrarem uma mudança de personalidade mais intensa quando se embebedam, suas experiências não estão associadas a um risco alto de danos.
Mary Poppins: comportam-se como a babá superotimista do filme homônimo de 1964. Alcançaram 14% da amostra do estudo e são particularmente agradáveis quando bêbados, evidenciando um comportamento simpático e amigável. Ficam ainda mais agradáveis e extrovertidos pela ação do álcool.
Detalhes do estudo
Apesar de ter uma característica séria e utilizar base científica, os autores afirmam que esta é a primeira vez em que se aborda uma área ainda inexplorada pela pesquisa empírica. Com isto, é possível que os resultados fossem outros caso o estudo tivesse abrangido uma amostra mais variada, pois mais tipos de comportamento poderiam ser identificados também.
Os responsáveis pelo estudo avaliam que o fato de ter analisado apenas o comportamento de universitários, a maioria deles brancos, estes quatro tipos de bêbados que foram identificados na pesquisa podem não ter representatividade em outros setores demográficos.
Mesmo assim não deixa de ser uma confirmação do que a percepção social estava certa: pessoas diferentes respondem de maneiras distintas à intoxicação por álcool. Os pesquisadores esperam que sua categorização de “tipos de bêbados” sirva, por exemplo, para ajudar a personalizar intervenções em casos de alcoolismo.
As informações são da BBC.
